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Ferrovia e o contexto urbano

Historicamente a criação deste ramal esteve ligada a implantação da “estrada boiadeira”, um empreendimento pioneiro para a movimentação de gado, que permitiria ao contexto brasileiro a abertura de novas perspectivas econômicas para regiões ainda pouco articuladas no país, como o ocorrido com a região Sudoeste, permitindo a comunicação com as regiões centro-oeste e sul do País e o consequente escoamento de gado e muares aos principais centros consumidores.

 

Em paralelo aos planos de execução desta estrada, estaria anos depois a construção dos trilhos da ‘Estrada de Ferro Sorocabana’, provenientes da zona central do Estado, o prolongamento dos trilhos buscariam as áreas de produção na divisa entre os Estados de São Paulo e Paraná. (AlLVES, 2009)

 

O eixo também se aproveitou da marcha do café, que mesmo não sendo o produto agrícola base para sua organização espacial e estruturação econômica, possuiu entre as décadas de 1920 e 1930, consideráveis áreas de cultivo, além de um considerável número de máquinas de beneficiamento e torrefação distribuídas ao longo de suas cidades de atuação. Em paralelo ao café o algodão também será um produto de grande expressividade a toda sua zona de influência.

 

De acordo com Monbeig (1998: 197), “o povoamento desencadear-se-ia com a circulação dos primeiros trens, coincidindo as datas com poucos meses de diferença”, e a partir de Assis “o que houve foi sincronismo entre a marcha do povoamento e o avanço da Estrada de Ferro”, processo este, movido por latifundiários ou Companhias Colonizadoras, que especularam e lotearam terras, atraindo compradores interessados no plantio de café, sendo expressiva a atuação de imigrantes de diversas naturalidades neste processo.

 

A atividade industrial tem início após o acumulo e diversificação de fontes de matéria-prima, oferta de mão de obra e garantia do transporte otimizando o escoamento da produção. Em geral, sua instalação era inicialmente destinada ao suprimento das necessidades da ferrovia, sendo caracterizada por unidades fabris primárias entre as quais serrarias e olarias, destinadas ao suporte da ferrovia e construção urbana, característica seguida pela distribuição de máquinas de beneficiamento, fábricas de bebidas, alimentos (...).

 

A crise de 1929 influi de maneira drástica na dinâmica econômica do café, atingindo fortemente toda a zona Sorocabana. Neste período é identificada a transição para o cultivo do algodão, criando um cenário propício para a sua industrialização. Passam a ser dispersas por toda a paisagem predominantemente rural, distintas indústrias, voltadas ao consumo de bens não duráveis no ramo alimentício, bebidas, frigoríficos e curtumes, que ganham maior importância após o ciclo do algodão, conquistando o mercado nacional e internacional principalmente a partir dos anos 50. Este processo é também acompanhado pelo aumento da urbanização das pequenas localidades inicialmente impulsionadas pelos trilhos.

 

O processo de industrialização mais ativo da Alta Sorocabana teve início com a instalação de empresas nacionais e estrangeiras, entre elas Matarazzo, Anderson Clayton, Mac Faden e Sanbra, unidades atraídas pelo aumento da produção de algodão da região, intensificada principalmente com a Segunda Guerra Mundial. Tais empresas tornam-se responsáveis pela geração do capital destinado ao desenvolvimento de muitas cidades da zona.

 

Com a forte concorrência com as fibras artificiais e o aumento do processo de arrendamento das terras, o ciclo do algodão inicia seu declínio nos anos 1950. Para evitar o desaparecimento das usinas foi incentivada a produção de amendoim. Tais medidas não foram suficientes, uma vez que muitas das empresas transferem suas instalações para outras zonas de produção algodoeira, sendo em alguns casos representados pelas demais zonas ferroviárias do Oeste Paulista.

 

Como resposta a este processo, no início da década de 1970, cerca de 50% das usinas beneficiadoras haviam encerrado suas atividades, provocando graves consequências aos núcleos populacionais, sobretudo às cidades com menor poder econômico que passam a demonstrar a estagnação de seus núcleos urbanos. Um outro processo que merece destaque neste período, é o fato de que com a queda da produção das diversas culturas agrícolas, ganha maior força a desarticulação entre as relações campo e cidade uma vez que o ciclo econômico atuante até então, englobava setores agroindustriais.

 

Algumas cidades passam a demonstrar o crescimento de sua população urbana, refletido na expansão dos limites de seu território, este processo é em muitos casos marcado pela quebra da ortogonalidade do traçado demarcado ao longo do domínio ferroviário de transportes, que passa a ser substituído pela hierarquia do sistema rodoviário, atraindo cada vez mais o processo de urbanização e desenvolvimento econômico para seus limites.

 

Referências Bibliográficas:

ALVES, Malena Rodrigues. O Avanço da Indústria no Oeste Paulista: Ramal Ferroviário da Sorocabana. Orientação Bolsa Iniciação Científica. BP.IC. Processo, 08/54739-9, 2009. Orientação Adalberto da Silva Retto Jr.

 

MONBEIG, Pierre. Pioneiros e Fazendeiros de São Paulo. São Paulo: Editora HUCITEC, 1998. 2ª Edição

ALTA SOROCABANA
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